terça-feira, 22 de abril de 2008

Terminus


Conseguiram! Desferiram em mim a última estucada! Estou morto sem o ainda saber!
Vieram vil e desinformes como só maléficos são e sem mais querer saber do que a minha própria vida, rasgaram ao véu do tempo sobre o meu ser!
Como sois cães rafeiros, raivosos e sarnentos! Como sois vós amalgama de nada, montes de pestilento ser!
Como me puderam fazer isso?! Como puderam dar cada da minha vida que ia curta, sem sentido, lúgubre, agonizante e chorosa, mas que era a minha!
Como?! Como é que conseguiram ser Nero, Lúcifer, Diabo, Satanás, Belzebu e tudo o mais numa só estocada!
Num só gesto, seco, limpo, numa só ceifada acabaram com todo!
Com todo!
Não, isto não é justo! Não posso ser tirado na metade dos meus dias! Serei eu como Job? Talvez, mas não creio, não terei tanta sorte!
Maldição que me caiu em cima! Sina que não é a minha mas que me deixa preso, mortificado…
Não, não sei o que será amanhã…mas hoje, hoje já não é!
Hoje mataram-me amanhã renascerei para ser mais uma vez morto!
Num ciclo que não é o da roda-da-fortuna, não tenho a fortuna do meu lado! Não tenho, e o pouco que tenho aos poucos, paulatinamente, me foi sendo tirado, à custa de sangue e muita lágrima … nates ela viesse, antes São Cinfronio!
Tenho pena, muita tristeza assombra a minha alma com estes macaquinhos, mas eles são assim! Se assim não fosse não haveria razão de isto existir!
Sim, porque todos nós temos macaquinhos no sótão!

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