Solidão despovoada

Sabes, nunca tive medo da solidão, é normal, sou uma alma solitária, um ermitão dos novos tempos, mas nunca me senti como tal, nunca vi a solidão embora me cruze com ela todos e todos os dias, mas nunca tive medo dela, sempre a fitei no olhar, sempre a mantive no canto do olho, sempre sobre o meu controlo.
Posso ter a casa cheia de gente e mesmo assim senti-me só…mas ainda bem que estou só! Quando a casa fica só por minha conta eu deixo a solidão a sua vontade, deixou-a nadar livre e não olho para ela, posso estar horas de volta da papelada, dos escritos, dos esquemas e diagramas das maquinas e teorias que um dia irei fazer, posso pintar, rabiscar numa folha, posso passar horas em frente do televisor ou a ler um livro …. Mas nunca me sinto verdadeiramente só quando efectivamente estou só…sim eu sei que não se percebe, sei que não é claro, nem obvio e muito menos racional…mas é assim que eu me consigo sentir, se não bem, pelo menos um pouco melhor.
Não tem lógica, mas também nem sempre se consegue ver a lógica intrínseca das coisas… estar só não é mau o que é mau é sentirmo-nos sós com tanta gente ao lado…e hoje…hoje estive tão só, somente eu e os meus macaquinhos.
Sim, porque todos nos temos macaquinhos no sótão!