domingo, 29 de junho de 2008

Venceram a besta! Estão felizes?


Existe uma coisa que eu nunca percebi e que muito dificilmente irei perceber por mais anos que viva: porque razão é que nos devia apoiar, dar sustentáculo, criar as bases para o nosso futuro…são na realidade aqueles que nos lixam!
Será que é inveja, ou aquela filosofia parva que eles também sofreram de que “ se eu não tive tu também não terás porque tu não és mais do que eu!”
Ai, porca miséria, quase todo o que tenho, foi a pulso que o consegui, quase nada o que tenho direi melhor…

Perguntaram-me outro dia se eu sabia o que era o sentimento, não respondi, só sorri, com aquele meu sorriso de quem não quer responder, de quem se quer esquivar dali para fora e nunca mais a cara de quem nos pergunta tal coisa.

A semana de ázimos se aproximará, tal qual sempre surgiu no horizonte e eu, parvo como sempre foi, nunca vi…ai malfada a sorte.
Não sei porque estou a escrever, não tenho nada que dizer, não sei porque abro a boca, porque falo se ninguém quer ouvir a minha voz!
Porque ouço se ninguém me fala? Porque vejo se ninguém quer que eu veja?!
Porque existo se ninguém quer que exista…alias que subsista, porque querem sempre que eu exista, para pisar, calcar, ferrar como ferram a besta, querem cavalgar no meu lombo cerzido e servil isso é o que todos querem!
Ai aqui mula! Ai aqui besta! Ai aqui…eu…

Não sei porque escrevo, não sei, mas mesmo que ninguém leia, mesmo que ninguém queira, eu escreverei…

Tenho saudades do labor dos laboratórios, das aulas e dos livros, dos cálculos e da ciência, tenho saudades da vida que me foi tirada, daquilo que me deram a provar mas que não me deixaram comer…

Não sei, hoje, o que escrevo, nem porque escrevo, mas sei que tu não vais ler, pois tu nunca lês, tu és como os outros, só esperas o momento certo, a fisgada mais certa para desferires, também tu, o teu golpe!
Estou no meio da praça de touros, e não é a mim que levam em braços, os urros de vitória são para aquele que foi o ultimo, o que me pegou de caras, aquele que fez de mim besta para o gáudio de todos os que das bancadas lançam os seus bonés, os seus chapéus de abas largas, os tricórnios cheios de penas, os xailes e as mantoilas, e as flores, os cravos vermelhos dos quais em sinto o cheiro numa mistura de pó e de sangue.
Chega a parelha, apertam-me os pés, ainda da uma última volta para que me cuspam, me escarrem para cima como estão felizes e contentes…também eu estou feliz e contente…depois desta mais nenhuma pode haver…foi o fim.
Estou feliz por os ter feito felizes, para serem felizes na minha desgraça, que feliz que eu vou, quando entro para os curros, onde acabarei por desfalecer, escondido nas sombras sem ninguém me ver, onde continuou a ouvir os olé’s daqueles que me sempre quiseram ver assim.
Parabéns, pois a besta sadia esta morta! Mataram-me! Mortificaram-me como sempre quiseram fazer!
E agora? Como vão fazer agora? Quem vão lixar!, foder!, comer!…agora?!
QUEM MINHAS CAVALGADORAS DE MERDA! QUEM?!
A mim não é de certo, e os meus macaquinhos estaremos tão longe, tão longe…mas tão longe, mas continuaremos a escutar a banda, os gritos e os aplausos daqueles que se vangloriaram por me ver a comer o pó, que não era da estrada, a mim e aos meus macaquinhos…
Sim, porque as bestas, mesmo sendo bestas, também têm macaquinhos no sótão!
Mas como a Fénix eu das cinzas me reerguerei e serei eu o matador!

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