quarta-feira, 5 de março de 2008

As estrelas do ceu


Sempre vivi na cidade, embora passasse no campo a maior parte dos dias, mas a residência oficial durante perto de 20 anos foi na cidade. Agora vivo no campo, ou então sobre o mar nos faróis.
Não te vou dizer que gosto de viver no campo, por que na realidade não gosto nada!!! Dantes poderia sair de casa a pé sem preocupações algumas, ir para a noite, bares e copos, e voltar a casa sem ter que melindrar ninguém…podia passar horas perdido na biblioteca, podia vaguear pelas ruas, nem que fosse só a ver as montas daquilo que não queria comprar e agora nada disso posso fazer. Quando estou em casa, que agora é muito mais tempo do que o que era habitual, não tenho nada para ver, nada de jeito para fazer! Queres que vá fazer o quê? Olhar para os pardais, corvos e gaios? Ver os pinhais dos outros ou ficar na horta a ver quando é que as ervilhas nascem?! Não!
Eu sou um bicho da cidade que vive no turbilhão das coisas que sente o pulsar de um motor de um carro e o vibrar das gentes!
Mas existe algo que me chama ao idílico campino, algo que me da gozo só de pensar. Os campos verdes cheios de rebanhos, as cabras, as ovelhas as vacas, os galos e as galinhas os touros bravos e os mansos.
O tirar do leite e o fazer do queijo. O pão amaçado numa tendeira, cozido no forno quente onde se faz o pernil de cabrito com batatas e cebolas, sim até tu tens água na boca!!
Os regatos e as fontes de águas frias e gélidas que nos ferem o corpo dentro de um tanque de rega ou num dique.
Mas nada disto eu tenho no meu campo, nos subúrbios das grandes cidades, aqui vive‑se o progresso e a evolução, não se preza mais nada para alem disso…
A única coisa que eu prezo são as estrelas, por mais que lhe para o céu nas noites escuras, gélidas e frias, nunca me canso de olhar para o firmamento, para aqueles pontinhos de luz que eu vejo sempre, cada vez mais numa profusão de fio de prata a debruar um manto de veludo negro…
Só o céu eu prezo no meu campo, aqui onde eu vivo, na ausência do meu farol…só o céu eu contemplo como uma novidade, um presente de natal todas as noites…e a ti que vives na cidade eu te digo: “ continua a viver na cidade, mas vem-me visitar ao campo, ver as estrelas, o céu e a lua e porque não tirares macaquinhos do sótão comigo?
Sim, porque todos nós temos macaquinhos no sótão!

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