segunda-feira, 19 de maio de 2008

Vem que é hora!


São as ânsias que nos moem, que nos consumem por dentro sem nós reparáramos…mas porque diabos recorro ao artifício na pluralidade? Não, as ânsias não são nossas, são minhas, são sempre minhas!
A ânsia da espera, do desespero da espera, do aguardar, do amargurado agradar que me prende na metade dos meus dias…
Espero, espero pela sorte que me virá salvar, pelo toque do telefone misericordioso, pelo email que não é spam, nem uma newsletter qualquer!
Espero todo o dias, espero, toda a minha existência foi feita de esperas, esperas sem sentido que me deixam revoltado, preso na revolta da mascara que envergo!
Eu o que eu dava pela salvação! O que eu dava para que fosse agora, já que tu chegasses e me levasses a viver as minhas sortes!
Que entrasses pela porta que eu abro tanta vez, na espera de tu já lá estares, que chegassem montada no teu cavalo alado, e que somente me dissesses “é hora!”
Como ficaria eu feliz, como se alegrava o meu ser na beleza formosa com que te mascaras aos olhos dos homens.
E eu ia, levado em teus braços, segurado pela tua mão, de pés cobertos pelas tuas sandálias, e cheia das tuas certezas que o oráculo sempre te deu, pois tu és o próprio oráculo.
Espero, mas tu, agora que eras mais precisa, não vez, como nunca vieste, como sempre fugiste, como sempre me deixaste, como sempre me abandonas na metade dos meus dias…
Fecho só olhos e adormeço, com o dia a clarear, tenho na boca o sabor a sal, que me escorre vagaroso pela face.
Fecho os olhos e não durmo, não durmo sem tu chegares, mas tu não chegas, como nunca chegas-te e eu…eu aguardo! Espero desespero! Salva-me! Clamo sem em calar!
Vem, vem agora, já em meu auxílio!
VEM! Salva-me!
Não fechos os olhos, enquanto o sol lá fora sobe, enchendo a terra do teu brilho, não posso fechar o olhos…não posso dormir…pois tu podes sempre chegar e eu quero estar acordado para em ti, finalmente, repousar!
Livra-me das minhas sortes, do meu fado maldito, que foi ditado nas águas estagnadas dos lagos longínquos da tua pátria amada!
No meio de todo o terror…eu espero…espero como sempre esperei espero por ti! Pela tua clemência! Já todo tentei, mais nada poso fazer, agora é a tua vez! Digna-te, eu peço-te, a revelares-te a mim! A soltar do jugo do maldito!
Creio ser a hora! Creio ser a altura de acabar de passar o deserto! Creio, e acredito que tu deves estar ai, agora a bater naquela mesma porta e para me dizeres, baixinho como sempre falas “ é hora”.
Os raios de aurora já franqueiam a minha janela, do oriente te elevas, e eu te espero, aqui como sempre, preso sob a esperança de tu por fim chegares…
Liberta-me do jogo da roda da vida, dá-me a libertação! Dá-me a minha própria vida!
Deixa-me livre, livre, com as tuas graças, e os meus macaquinhos.
Sim porque todos nós temos macaquinhos no sótão!

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