Escrevo-te a ti, meu futuro, aqui algures do teu passado
deixo-te esta carta. É cheio de esperança que te escrevo, porque sei que estas
bem, que afinal tudo correu bem. Sei que encontraste a felicidade, a tua
felicidade, aquela que eu não tive a capacidade de encontrar mas que tu
conseguiste.
Olho em redor e vejo as ruínas que te deixei, as construções
mal-amanhadas, tortas, as ruínas e as fundações mal feitas, tudo aquilo que te
deixei no meio deste terreno e que tu, pegando no que valia a pena, derrubando
as paredes tortas, construindo, reforçando, projectando de modo eficaz
conseguiste fazer uma das mais belas construções que alguma vez alguém poderia
idealizar. Quem havia de dizer que partiu tudo daqui!
E como verdes e frondosas estão as veredas pelo meio dos
jardins, onde havia capim e ervas daninhas, até dá gosto ver como dão frutos as
macieiras, como as cerejeiras se vergam carregadas de pequenos e carnudos bagos
de vida doce!
Conta-me, já gostas do por do sol, não gostas? Por certo que
sim! Finalmente alguém te mostrou a beleza daquele momento, e diz-me: mostraste
como belo é aquele momento em que o sol já se pôs e o céu esta purpura, anil,
roxo e a estrela da tarde começa a brilhar tímida mas convicta sobre ti?
Manténs os velhos hábitos? Ainda vagueias a horas mortas
pelas ruas vazias? Não…não creio que o faças sozinho, continuas a faze-lo, mas
já não o fazes sozinho como outrora fizemos e as ruas já não são tao despidas,
e as ruas assim já não são tao frias! Gosto de o saber, alivia-me e consigo
esboçar um largo e franco sorriso por ti!
Posso ver que afinal as coisas que fiz, mesmo as mais
erradas, mesmo as piores, mesmo aquelas que pensavam serem potenciadoras de
destruição foram somente ensinamentos, experiencia de crescer…Sabia que iria
valer a pena, afinal eu estou aqui hoje e tu estas amanhã, afinal eu sou o teu
passado e tu o meu futuro!
Espero um dia receber esta mesma carta, amanhã, do nosso
futuro, afinal é esse o destinatário!
O teu Pretérito….
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