sábado, 1 de junho de 2013

Espistola

Escrevo-te a ti, meu futuro, aqui algures do teu passado deixo-te esta carta. É cheio de esperança que te escrevo, porque sei que estas bem, que afinal tudo correu bem. Sei que encontraste a felicidade, a tua felicidade, aquela que eu não tive a capacidade de encontrar mas que tu conseguiste.

Olho em redor e vejo as ruínas que te deixei, as construções mal-amanhadas, tortas, as ruínas e as fundações mal feitas, tudo aquilo que te deixei no meio deste terreno e que tu, pegando no que valia a pena, derrubando as paredes tortas, construindo, reforçando, projectando de modo eficaz conseguiste fazer uma das mais belas construções que alguma vez alguém poderia idealizar. Quem havia de dizer que partiu tudo daqui!

E como verdes e frondosas estão as veredas pelo meio dos jardins, onde havia capim e ervas daninhas, até dá gosto ver como dão frutos as macieiras, como as cerejeiras se vergam carregadas de pequenos e carnudos bagos de vida doce!
Conta-me, já gostas do por do sol, não gostas? Por certo que sim! Finalmente alguém te mostrou a beleza daquele momento, e diz-me: mostraste como belo é aquele momento em que o sol já se pôs e o céu esta purpura, anil, roxo e a estrela da tarde começa a brilhar tímida mas convicta sobre ti?

Manténs os velhos hábitos? Ainda vagueias a horas mortas pelas ruas vazias? Não…não creio que o faças sozinho, continuas a faze-lo, mas já não o fazes sozinho como outrora fizemos e as ruas já não são tao despidas, e as ruas assim já não são tao frias! Gosto de o saber, alivia-me e consigo esboçar um largo e franco sorriso por ti!

Posso ver que afinal as coisas que fiz, mesmo as mais erradas, mesmo as piores, mesmo aquelas que pensavam serem potenciadoras de destruição foram somente ensinamentos, experiencia de crescer…Sabia que iria valer a pena, afinal eu estou aqui hoje e tu estas amanhã, afinal eu sou o teu passado e tu o meu futuro!
Espero um dia receber esta mesma carta, amanhã, do nosso futuro, afinal é esse o destinatário!
O teu Pretérito….


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