o desejo de qual quer coisa

Desde que me lembro de ser gente, como se isso tivesse sido no século passado, ( por acaso até foi, mas isso são pequenos pormenores) e durante grande parte da minha infância, ( por outras palavras, até à semana passada) que tinha uma esperança secreta, uma daquelas coisas estranhas que um gajo tem, e que agora vou revelar, porque é um macaquinho que me anda aqui a incomodar.
Quando era puto esperava sempre que me viesse alguém buscar, não sei, que me levasse com ele, que me dissesse que aquele não era o meu lugar, que estava ali por engano, que fora trocado na maternidade, essas coisas meias parvas…
Mas sempre, sempre tive essa esperança.
Sonhava tanta vez com isso, mesmo sabendo que tal coisa era totalmente impossível, que era parolo, que era isso tudo…mas é uma daquelas coisas que atestam a minha deslocação plano-temporal, uma inadaptação inata, um desejo de fuga, um querer…olhem não sei…só sei que ainda hoje sonho com isso, com um homem que me vem buscar a meio da noite…e que me leva com ele…com ele e com os meus macaquinhos.
Sim, porque todos nós temos macaquinhos no sótão!

e a volta costa sempre um pouco...mas temos sempre que voltar, eu volto com o vento do Norte, frio, e mortal, Eu volto hoje, talvez amanhã, mas nao voltop po ser Natal!
Tenho que voltar pelo macaquinhos que se andam a embrotecer, perdidos no eter.
Sim, porque todos nós temos macaquinhos no sótão!